“Comunidade, Complexo, hoje é cerveja até amanhã”, comemorou o diretor-executivo da Imperatriz Leopoldinense, João Felipe Drumond, de troféu na mão, após a escola sagrar-se campeã do carnaval carioca de 2023.
Drumond é neto de Luizinho Drumond, que fundou e construiu a escola na zona norte do Rio de Janeiro. A filha de Drumond, Cátia, é agora a presidente da escola. Ele homenageou o pai e o Complexo do Alemão durante a comemoração.
Em uma entrevista com Cnn, Cátia disse que a vitória não tem simbolismo político: “Não tem nada de político, tem muito amor, muita dedicação e trabalho sério. É do complexo, é do Seu Luizinho e é da Imperatriz”, disse.
A vitória também foi a consagração da intérprete oficial da escola, Pitty de Menezes. Ele conquistou seu segundo título, o primeiro no grupo especial. Em 2022, a intérprete ajudou a trazer o Estrela do Terceira Milênio para o grupo especial paulista, com a primeira colocação da segunda divisão do carnaval paulista.
“Nem pensávamos em política, fazíamos tudo com amor, queríamos ganhar esse campeonato. Passaram-se 21 anos sem vencer este campeonato, não houve política, houve o amor que queríamos colocar neste terreno.” Cnn.
Controvérsia com o influenciador
A vitória da escola também serviu para reagir às críticas feitas pela influenciadora bolsonarista Antônia Fontenelle após a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A polêmica começou quando a blogueira criticou as roupas usadas pela primeira-dama, Janja, durante a posse de Lula em uma transmissão ao vivo.
“Aquela coisa aí, gente, é a roupa old school da Imperatriz Leopoldinense, porque é uma escola neutra, água de linguiça, não cai nem sobe”, disse o Youtuber.
Janja chegou a ser convidada para ser madrinha da Velha Guarda e planejava desfilar com a Imperatriz, mas acabou desistindo na última hora. A afirmação é do presidente da Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa), Jorge Perlingeiro Cnn que ainda acredita que o casal pode ir à Sapucaí no desfile das campeãs no próximo sábado (25).
A Cnn, o intérprete da escola respondeu às provocações: “A resposta está dada. Quem falou, ouviu. Esta é a resposta, é um campeonato, e a Janja não veio mas estava nos nossos corações.”
“Aquela senhora que falou mal da nossa imperatriz, nossa velha guarda. Velha guarda que merece respeito, a Imperatriz merece respeito e água de linguiça já passou por lá e é campeã de carnaval”, completou Menezes.
Em sua conta no Twitter, sem citar a blogueira bolsonarista, Janja comemorou a manchete: “Parabéns à minha querida Imperatriz Leopoldinense, campeã do Carnaval carioca, com um enredo histórico sobre Lampião. Estou muito grata por ser madrinha da Escola Velha-Guarda este ano!”, disse ela.
Em sua conta no Instagram, Antônia Fontenelle ainda voltou a falar sobre o assunto quando a escola assumiu o carnaval.
“As pessoas já estão falando assim: olha, se prepare para pedir o PIX que você vai dar o título para a Imperatriz. Não quero discutir, nada disso, é porque faltando um mês as pessoas acordaram e começaram a rachar. Sério, você não acha que eu mereço um PIX, né?”, ironizou a influenciadora.
Ela até compartilhou uma captura de tela de uma conversa do WhatsApp em que alguém lhe disse: “Você criou Janja e uma escola morta”. Em outra mensagem que ela compartilhou, a escola é descrita como “morta”.
Complexo do Alemão
A comunidade do Complexo do Alemão, na zona norte do Rio, também foi premiada pela escola. Parte dos membros do grupo vem de lá.
O prefeito da cidade, Eduardo Paes (PSD), comentou o assunto nas redes sociais: “Viva a CPX (quem não sabe o que é, pergunte) do Alemão! Viva a Imperatriz Leopoldinense! Viva Ramos! Viva a periferia carioca! Viva essa fera que é o Leandro Vieira!”, postou.
A polêmica surgiu durante a campanha eleitoral, quando, em visita ao Rio de Janeiro, Lula usou um boné com as iniciais CPX, utilizadas para identificar os conjuntos comunitários da cidade. O gesto foi criticado por opositores que tentaram associar a sigla e a região ao tráfico de drogas.
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