O réu Leandro Boldrini vai iniciar o julgamento nesta segunda-feira (20), em Três Passos (RS), pelo assassinato do filho Bernardo Boldrini, em 2014, quando o menino tinha 11 anos. Leandro responde pelos crimes de homicídio quádruplo (motivo repugnante, motivo fútil, uso de veneno e dissimulação), ocultação de cadáver e falsidade ideológica.
O júri pode estender-se até três dias. Além do réu, serão ouvidas dez testemunhas, quatro arroladas apenas pela acusação, cinco arroladas apenas pela defesa e uma arrolada por ambas as partes.
lembre-se do caso
Bernardo desapareceu no dia 4 de abril de 2014. Seu corpo foi encontrado dez dias depois, enterrado em uma cova vertical em uma propriedade às margens de um córrego no município vizinho de Frederico Westphalen. No mesmo dia, o pai e a madrasta da criança, Graciele Ugulini, foram presos, acusados de serem, respectivamente, o idealizador intelectual e o executor do crime. A amiga dela, Edelvânia Wirganovicz, também foi presa por contribuir para o assassinato. Dias depois, Evandro Wirganovicz, irmão de Edelvânia, foi preso por ter preparado a cova onde o menino foi enterrado.
A promotoria alega que Leandro e Graciele não quiseram dividir com Bernardo a herança deixada pela mãe dela, Odilaine (falecida em 2010), e o consideravam um empecilho para o novo núcleo familiar.
Os quatro réus foram condenados em 2019, mas o júri de Leandro foi anulado em dezembro de 2021.
Segundo a investigação, o assassinato de Bernardo começou em Três Passos, por volta das 12h, e terminou com sua execução, às 15h do mesmo dia, por Frederico Westphalen. Graciele, a pretexto de agradar o menino, levou-o a Frederico Westphalen. Quando iniciou a viagem, também em Três Passos, deu ao enteado midazolam – medicamento controlado – porque era necessário para evitar enjoos. Então, no povoado vizinho, Graciele e Bernardo conheceram Edelvânia, amiga da madrasta. Os três foram para um local escolhido na Línea São Francisco, no bairro Castelinho, próximo a um córrego, onde a cova havia sido cavada dias antes por Evandro.
Dando continuidade ao crime, Graciele, sempre com total apoio moral e material de Edelvânia, mais uma vez enganando a vítima, desta vez sob o pretexto de lhe dar uma “picada” para ser “abençoado”, injetou em Bernardo midazolam em quantidade suficiente para causar sua morte , segundo laudo pericial que atesta a presença da droga no estômago, rins e fígado da vítima. O menino morreu de overdose de drogas.
Segundo a denúncia, o médico Leandro Boldrin foi mentor e incentivador da atuação de Graciele. Ele também ajudou a reunir colaboradores para executar o assassinato, criar um álibi e fornecer meios para o acesso à droga midazolam, usada para matar a vítima.
Depois que Bernardo foi morto e enterrado, Leandro fez uma falsa denúncia sobre o desaparecimento de Bernardo para que ninguém soubesse do crime.