Circuito do pipi: onde encontrar um banheiro digno em Barra-Ondina


Domingo de Carnaval, você sai dos Filhos de Gandhy no Campo Grande e desce a ladeira da Barra para curtir o circuito Dodô. No percurso, bebe uma água de coco para reidratar. Quando pisa na Barra, a vontade de ir ao banheiro já maltrata. Às 19h – ou talvez em qualquer horário – o banheiro químico não é nem sequer uma opção. Nas ruas, aquele “cheirinho de carnaval”, também conhecido como urina. Mas você quer alguma dignidade para fazer as necessidades fisiológicas. Qual a alternativa?

No domingo e em todos os dias do Carnaval quem tem casa ou trabalha no circuito da Barra-Ondina aproveita para lucrar um pouco com a necessidade do dinheiro limpo. No início do circuito, próximo ao Farol da Barra, Paulo César fica de segurança do banheiro do Terraço do Farol. Lá, cada pessoa que queira usar o banheiro e depois ter acesso a papel higiênico e lavar a mão, paga R$ 5. 

Já para quem prefere algo mais vazio, uma opção pode ser a rua Dom Marcos Teixeira. Na rua transversal à avenida Oceânica e paralela ao Beco da Off, a maioria dos estabelecimentos oferece o banheiro. Carla Mochnacz, 38 anos, aproveita seu salão (Karla Mochnacz) para lucrar e ajudar tanto foliões como trabalhadores do carnaval. 

“Eles acabam procurando tanto que a gente faz isso. Carnaval eles vêm aqui e perguntam se está carregando celular, se tem banheiro”, explica a cabeleireira. Desde 2016, ela transforma o salão de beleza em um centro para carregamento de celular, banheiro e banho. Os banhos são para ambulantes, das 7h às 19h, e custam R$ 3. Durante o carnaval, para não perder o espaço, os ambulantes dormem na avenida. O banheiro é aberto para os foliões às 19h e custa R$ 3. Se quiser aproveitar para carregar o celular, custa R$ 5.

Carla conta que a procura garante o pagamento do IPTU do ano todo e algumas contas atrasadas. Ao lado de seu salão, a família do Santê Moda Praia aproveita o Carnaval para customizar abadás e vender o uso do banheiro e do banho há mais de 15 anos. “A gente não tem placa, mas tem muita galera que já sabe. Os barraqueiros já vêm todo ano, e eles mesmos indicam clientes”, conta Larissa Souza, 26 anos. Um pouco na frente, na Mercearia do Galego, o banho é R$ 6 e o uso do banheiro R$ 3. 

Saindo da ruela, a avenida Almirante Marques de Leão também oferece alternativas. O Cheirin Bão – Empório Mineiro indica bem grande, no tapume preto que o cobra, que oferece o serviço de banheiro. Para utilizar, são cobrados R$ 5.

Mas nem todo mundo gosta de oferecer o banheiro. No encontro da avenida Marques de Leão e da Marquês de Caravelas, a assistência técnica Brother’s Tech cobra R$10 pelo uso. “Como a gente é comércio, não queríamos disponibilizar [o banheiro]. A gente coloca um valor alto para a galera não vir, mas tem gente que vem da mesma forma”, conta Yonatan Guertzenstein, 23 anos. De acordo ele, cerca de 20 pessoas se dispõem a pagar R$ 10 para usar o banheiro por dia no carnaval. 

O caminho continua até a saída do Morro do Cristo para o Shopping Barra, na avenida Centenário, onde um banheiro da prefeitura é disponibilizado. O local aparece como um oásis para quem curte o Carnaval entre o Morro do Gato e o Morro do Cristo. “Estou desde o Cristo procurando um lugar pra fazer xixi, esse foi o primeiro lugar que eu vi”, conta Jenifer Santos, 26 anos. 

Agora, uma má notícia: quem curte o carnaval na Ondina tem poucas opções de banheiro. A ideia é aproveitar logo o banheiro da prefeitura na saída do Jardim Apipema para o circuito, ou no fim, na rua Helvécio Carreiro Ribeiro. Nesta rua, alguns empreendedores vendem o uso do banheiro e chega a fazer fila. Em um dos estabelecimentos, uma pessoa paga R$ 3 para usar a privada e duas pagam R$ 5, em promoção.