Com Xamã, carnaval de Salvador traz prévias para o último dia de folia


sonhou. Particípio passado do verbo sonhar, que se refere ao que muito se imaginou e, por isso, pode ser uma das definições do Carnaval 2023 de Salvador, que chega ao fim de sua fantasia onírica nesta terça-feira (21). Depois de dois anos sem a grande festa, não só a nostalgia aguçou, mas também o desejo de novidade, por isso houve acontecimentos inéditos até o último dia da folia.

Direto do Rio de Janeiro para Salvador, o rapper Xamã fez sua primeira apresentação no carnaval salvadorenho puxando seu Bloco do Malvadão. Vestido todo de branco, representando a pomba branca da paz, que é um de seus ícones, o cantor começou a sentir o calor do carnaval de perto por volta das 18h10.

O recente hit “Malvadão” deu o tom para a estreia, mas Xamã não estava sozinho em seu repertório. Ao contrário, grande parte do percurso do Circuito Dodô, nas duas primeiras horas de apresentação, foi dedicado a sucessos de antigos carnavais, como ‘Água Mineral’, de Claudia Leitte, e canções emblemáticas da Bahia, como ‘ Várias Queixas’ . , do Olodum.

Mas, como uma indicação para que a cantora fuja da regra dos artistas de fora da Bahia, que geralmente tentam agradar cantando músicas de artistas baianos quando estão aqui, o público estava realmente em sintonia com Xamã quando ‘Poesia Acústica 6’, ‘ I am Deixa de Onda’ e ‘Gato Siamês’ foram tocadas, canções cantadas pelo rapper.

Foi aí que Xamã enlouqueceu e até fez rimas exclusivas para fãs em sua pipoca. A calça branca que ele usava deu lugar a um short laranja. Despojado, ele se declarou no Carnaval de Salvador. “É a minha primeira vez aqui, com todos os meus amigos e estou gostando muito. [Estou] realizar um sonho”, disse.

Em clima de comemoração, o rapper escolheu um vendedor de algodão doce para se juntar ao trio. Juntos, os dois distribuíram todas as mercadorias para o povo e o menino saiu se sentindo realizado, e o melhor: com todo o algodão doce comprado pelo Xamã, que o liberou para curtir o último dia de folia.

A passagem da Barra a Ondina no trio Xamã também contou com a presença de nomes consagrados da música baiana, como Majur, que levou o público a soltar a voz com Sujeito de Sorte, Me sinto bem e Louco de amor. A pagodeira A Travestis gostou da apresentação desde o início e ainda levou seu pagodão para a Barra Avenida, assim como a banda La Fúria, que se juntou ao trio no último trecho da estrada para Ondina.

prévias na folia

O último dia de carnaval de Salvador também foi um dia memorável para os ‘cactos’ baianos, identificados pelos fãs da ex-BBB e da cantora Juliette, que fizeram sua primeira folia baiana no Bloco Uau! Chá com Ousadia, de Babado Novo, em parceria com Mari Antunes.

No Instagram, Juliette não escondeu o nervosismo. “Estou ansiosa, nem dormi direito. Por isso estou tão ansiosa, pensando como vai ser hoje. Gente, estou em Salvador. Tem ideia? Vou cantar no carnaval de Salvador! Aaaaai! Hoje é assim!”, vibrou.

Há seis dias, quem vivia a emoção da estreia na festa da momesca deste ano era quem já tinha visto muito a festa da pipoca. Deivison Nascimento Santos, 23, que passou de camelô a cantor Oh Polêmico, comandou sua pipoca na Barra e na Avenida como grande candidato ao Troféu CORREIO Folia 2023 com o hit “Deixa Eu Botar Meu Boneco”.

Com as cantigas na boca do povo, o pagotrapper fez sua primeira apresentação no Carnaval com o trio Anitta, pelo qual também foi cortejado de brincadeira. Outros dois nomes dos pagodes baianos em destaque hoje que também fizeram sua estreia no Carnaval foram os cantores 7Kassio e O Kannalha, donos dos sucessos ‘Vou Penetrar’ e ‘Fraquinha’, respectivamente.

mistura de ritmos

Sendo uma celebração de scrums, o Carnaval também deu ao público a chance de abraçar velhos e novos ritmos. No pop, a estreia de Iza no trio Carlinhos Brown rendeu uma versão baiana de “Dona de Mim”, depois, é claro, de cumprimentar os foliões com “Muito Obrigado, Axé”.

Já o arrocha romântico ganhou espaço na festa carnavalesca com o cantor Thiago Aquino, que atraiu multidões em Campo Grande. Onde quer que olhos penetrantes atingissem, havia alguém com o punho na testa, o cotovelo na altura do peito e uma cadência irrepreensível enquanto doía, chorava, sorria ou se declarava ao som do cantor.

No caso da efervescência de vontades e sentimentos se misturando e se indefinindo, houve também um novo ritmo na folia para agradar o folião que gosta de tudo ou talvez não goste de nada, apenas balançando os quadris. Na Praça Castro Alves, o BATEKOO, plataforma de festival e entretenimento voltada para a juventude urbana negra e LGBT+ do Brasil, animou o rescaldo dos inimigos do fim pela primeira vez durante o período carnavalesco.