Distúrbio sensorial: “Achei que era frieza da minha filha”


A médica biomédica Telma Abrahão passou alguns anos angustiada e estressada por não saber exatamente como lidar com sua filha Louise, agora com 7 anos. Desde cedo, a menina chorava muito ao trocar de roupa e apresentava grande resistência em ingerir determinados alimentos.

Ela começou a perceber que sua filha agia de maneira diferente quando ela tinha 4 anos. Foi algo que “desestabilizou” Telma, pois uma atividade simples que deveria levar cinco minutos, como trocar de roupa, demorava 30 minutos.

Telma ficou ainda mais intrigada com as reações da filha porque ela é especialista em neurociência comportamental infantil. A mãe sabia que algo era incomum, mas não conseguia identificar o que era.

“Quando não tínhamos o diagnóstico, chegamos a pensar que o choro excessivo era porque a Luísa era mimada. Foi um ano muito difícil porque toda a família estava estressada”, conta Thelma.

A mulher se lembra de situações específicas em que perdeu a paciência. Para ela, o mais irritante era sair para comprar roupas para Louise. “Ele disse que usaria, mas depois que compramos, nunca mais usou. Ela sempre quis usar as mesmas roupas e sapatos”, explica.

A queixa da menina era que o tecido coçava muito e o material do sapato era desconfortável.

De tanto pesquisar sobre o que a filha tinha, a médica biomédica chegou a um livro sobre Distúrbio do Processamento Sensorial (TSP) e reconheceu o comportamento da criança em tudo o que nele é descrito. Thelma decidiu então levar a menina a um terapeuta, que confirmou o diagnóstico.

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Distúrbio de processamento sensorial

O Distúrbio do Processamento Sensorial (SPD) é um distúrbio que afeta um ou mais dos cinco sentidos: olfato, paladar, audição, tato e visão. O indivíduo entende os estímulos comuns de forma exagerada ou, ao contrário, não os percebe como a maioria das pessoas.

Segundo a terapeuta ocupacional Carolina Cangemi, professora da Universidade de Brasília (UnB), é como se a criança não processasse bem as informações que recebe do ambiente.

A identificação dessa disfunção pode ser feita quando a criança chora muito, tem dificuldade com ruídos e texturas, como a agonia de pisar na grama e na areia.

Em janeiro, a apresentadora Giovanna Ewbank revelou que seu filho de 8 anos, Bless, tem TPS. A conta dela, no podcast Quem pode, pod, é bem parecida com a de Thelma. “Posso pensar que estou fresca para o resto da minha vida se não olhar diretamente para o meu filho”, disse Giovanna, em meio às lágrimas.

Após o diagnóstico, o paciente e a família são acompanhados por uma equipe multidisciplinar, com o objetivo de serem orientados sobre como diminuir o desconforto.

“O terapeuta vai estabelecer metas de curto, médio e longo prazo para que a criança possa realizar as atividades diárias com autonomia e independência”, explica a professora da UnB.

Vida após o diagnóstico

Telma afirma que hoje está tudo sob controle, mas que durante muito tempo foi “loucura” e “desespero absoluto”. Enfatiza a importância da família estar atenta para facilitar o diagnóstico e colaborar com os pacientes.

“A criança pode sofrer violência da própria família, que a olha como se fosse mimada, quando na verdade ela precisa de ajuda. A falta de compreensão e a falta de diagnóstico fazem a criança sofrer muito”, afirma.

Louise foi acompanhada por uma terapeuta ocupacional e outros profissionais de saúde até os 5 anos de idade. O distúrbio do processamento sensorial não tem cura. A assistência é ajudar a criança e a família a conviver melhor com as limitações.

Louise, por exemplo, ainda tem aversão a certos tecidos de roupas, além de mostrar resistência em experimentar novos alimentos, mas a família consegue entender.

“É papel da família entender e não forçar, mas estimular a criança a querer coisas novas, fazer com que ela se sinta segura em tentar”, finaliza Telma.

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