Em mensagem lida nesta quarta-feira (22/2), em conferência da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu a regulamentação das plataformas digitais como forma de “garantir o exercício dos direitos individuais e coletivos” e “corrigir as distorções de um modelo de negócios que gera lucros com a exploração de dados pessoais dos usuários”.
Na carta, Lula diz que os benefícios trazidos pelo desenvolvimento da Internet são distribuídos desproporcionalmente entre pessoas de diferentes níveis de renda, aumentando a desigualdade social e citando riscos à democracia.
“O ambiente digital levou à concentração de mercado e poder nas mãos de algumas empresas e países. Também trouxe riscos para a democracia. Riscos para a convivência civil entre as pessoas. Riscos à saúde pública. A disseminação de desinformação durante a pandemia contribuiu para milhares de mortes. O discurso de ódio cobra seu preço todos os dias. E os mais afetados são os setores mais vulneráveis de nossas sociedades”.
Bom dia. Carta que enviei na abertura da conferência “Internet for trust”, @UNESCOli esta manhã em Paris. pic.twitter.com/7wHMm0SjA0
— Lula (@LulaOficial) 22 de fevereiro de 2023
8 de janeiro
O presidente brasileiro relembrou os ataques às sedes dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário do Brasil no último dia 8 de janeiro e falou da responsabilidade das plataformas.
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“Em grande parte, esta campanha foi gerida, organizada e divulgada através de várias plataformas digitais e aplicações de mensagens. Repetiu o mesmo método que já havia gerado atos de violência em outras partes do mundo. Isso tem que parar”, defende o PT.
Em seguida, afirma que a comunidade internacional deve dar respostas efetivas e evitar que a integridade das democracias seja comprometida pelas decisões “de alguns poucos atores” que hoje controlam as plataformas.
“A regulamentação deve garantir o exercício dos direitos individuais e coletivos. Deve corrigir as distorções de um modelo de negócios que gera lucros com a exploração dos dados pessoais dos usuários. Para ser efetiva, a regulamentação da plataforma deve ser elaborada com transparência e muita participação social. E internacionalmente, precisa ser coordenado multilateralmente. O processo iniciado na UNESCO, tenho certeza, servirá para construir um diálogo plural e transparente. Um processo que envolve governos, especialistas e a sociedade civil”.
A conferência mundial “Internet For Trust”, promovida pela agência especializada das Nações Unidas, acontece em Paris, na França, até quinta-feira (23/2).
Discussão no Congresso Nacional
O Congresso Nacional tramita um projeto com medidas relativas à divulgação de conteúdos falsos na internet, as chamadas “notícias falsas”.
Em termos gerais, o projeto inclui:
- rastrear mensagens encaminhadas em aplicativos de chat;
- que os provedores de redes sociais são baseados no Brasil;
- regras para impulsionar e anunciar nas redes sociais.
O texto também prevê pena de 1 a 3 anos e multa para quem promover ou financiar a divulgação em massa de mensagens contendo notícias falsas por meio do uso de contas de robôs e outros meios.
Recentemente, o ministro da Secretaria de Relações Institucionais (SRI), Alexandre Padilha, defendeu a aprovação do projeto.
Dias depois dos ataques golpistas, o porta-voz do PL das Fake News, deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), afirmou que as plataformas da web não podem se eximir da responsabilidade pela invasão dos Três Poderes.
“Plataformas não podem ser como Pôncio Pilatos e lavar as mãos. Há redes sociais em que, até o momento, não foram retiradas as mensagens de convocação de manifestantes para atos golpistas”, argumentou o palestrante.
O deputado disse que vai tentar levar o PL das Fake News para votação no plenário.
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