ONU vota resolução com trecho do Brasil sobre primeiro ano de guerra e busca apoio recorde


O governo brasileiro já obteve a aprovação de grandes potências ocidentais para incluir um trecho sobre a “cessação das hostilidades” entre Rússia e Ucrânia na resolução das Nações Unidas que marca o primeiro aniversário da guerra entre os dois países. A previsão é de que o texto seja votado pela Assembleia Geral das Nações Unidas nesta quinta-feira (23).

Segundo fontes diplomáticas ouvidas pelo Cnn, a meta da comunidade internacional é conquistar mais de 143 mil apoiadores na Assembleia Geral das Nações Unidas. Este foi o maior número de votos sim alcançados até agora, em cinco resoluções aprovadas desde o início da guerra, em fevereiro de 2022, condenando a invasão russa.

A ONU tem 193 países membros. China, Índia, África do Sul e Argélia adotaram sistematicamente a posição de abstenção nessas votações. A mesma posição é seguida por muitas nações africanas e ex-repúblicas soviéticas, bem como asiáticas, como Vietnã e Paquistão.

Para angariar mais votos e criar um fato novo, as potências ocidentais decidiram, desta vez, propor um texto menos acusatório em relação à Rússia e um pouco mais proativo, segundo a descrição feita por especialistas diplomatas sul-americanos da ONU e ouvidos em particular de IL Cnn.

A estratégia é justamente mudar algumas das abstenções e enviar a Moscou a mensagem de que a pressão internacional pelo diálogo é crescente.

A Cnn tiveram acesso à minuta do texto que será votado na Assembleia Geral. Entre outros pontos, a resolução “exorta os países membros a [da ONU] e organizações internacionais a redobrar seu apoio aos esforços diplomáticos para alcançar uma paz abrangente, justa e duradoura na Ucrânia”.

O rascunho também reitera que a Rússia deve “retirar imediata, total e incondicionalmente todas as suas forças militares das fronteiras internacionalmente reconhecidas da Ucrânia”.

É sobre esse parágrafo que o Itamaraty atuou diretamente, mobilizando sua delegação nas Nações Unidas para acrescentar um trecho que “exige a cessação das hostilidades” entre as partes.

De acordo com relatórios para Cnn, o passo sugerido pelo governo brasileiro já foi aceito por negociadores dos Estados Unidos, União Européia, Japão, Austrália e vários outros países. Com isso, houve consenso sobre sua inclusão no texto que será de fato votado.

Na semana passada, à margem da Conferência de Segurança de Munique, o chanceler Mauro Vieira discutiu a resolução com o chanceler ucraniano Dmytro Kuleba. Kiev, segundo os interlocutores do ministro brasileiro, tem dado sinais positivos.

Em Mônaco, Vieira se reuniu com ministros das Relações Exteriores ou altos funcionários diplomáticos de 18 países. Todos teriam se interessado pelo papel do Brasil em aplacar a guerra no Leste Europeu, que completa um ano nesta sexta-feira (24).