Open Finance: protagonismo do consumidor estimula mercado financeiro


A tecnologia é um processo irreversível na sociedade atual. Imagine que antes dela, para realizar transações financeiras, era preciso ir ao caixa de uma agência bancária ou conversar com o gerente. Depois, com o surgimento do internet banking, ficou mais fácil utilizar os serviços on-line.

E, com a evolução das necessidades do mercado, surgiu o open finance — mas será que ele vale a pena? Para responder essa pergunta, é preciso compreender como a novidade funciona e se ela é realmente segura. Assim, você vai entender como o sistema pode ajudar o seu cotidiano e como aproveitá-lo.

O que é o open finance?
Para entender o conceito de “open finance”, em tradução livre e literal, a expressão significaria “finanças abertas”.

O financiamento aberto permite a troca de ativos e serviços financeiros sem a necessidade de intermediários. Muitas vezes é referido como finanças descentralizadas (DeFi) e é considerado um novo paradigma no mundo financeiro.

O financiamento aberto é construído sobre os princípios de transparência, interoperabilidade e acessibilidade. Tem o potencial de transformar o setor financeiro, fornecendo acesso a serviços financeiros a milhões de pessoas que atualmente não têm conta bancária – o Pix é o exemplo mais notório dessa nova tecnologia. Também tem o potencial de reduzir custos e aumentar a eficiência, eliminando a necessidade de intermediários e fornecendo uma forma mais segura e transparente de conduzir transações financeiras. Alguns exemplos de aplicativos de finanças abertas incluem trocas descentralizadas, plataformas de empréstimo ponto a ponto, entre outros.

Assim, o open finance, no Brasil, é um processo de compartilhamento de dados entre instituições do mercado financeiro brasileiro. Ou seja, ele é o responsável por criar o chamado sistema financeiro aberto.

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Antes do open finance, cada instituição só poderia acessar os dados dos próprios clientes. Agora, com essa novidade, elas podem obter informações de usuários de outras instituições — desde que a pessoa dê autorização para isso.

Como o open finance funciona?
Imagine que você deseja contratar um financiamento para comprar a casa própria. Você tem conta no banco A e, por causa disso, faz uma simulação.

Para decidir quais serão as condições propostas, como a taxa de juros, o banco considera todo o seu histórico de relacionamento. A instituição poderá verificar no seu extrato quanto dinheiro você movimenta por mês, se paga as contas em dia, entre outras questões semelhantes. Porém, você descobre que o banco B oferece condições melhores, como uma taxa de juros mais baixa, mas como você não tem conta nessa instituição, ela não sabe qual é o seu histórico financeiro.

Sem o open finance, você provavelmente teria dificuldade para conseguir o crédito desejado. Afinal, a instituição bancária B não conhece seu histórico financeiro e pode ter dificuldade para avaliar o risco do financiamento. Já com o open finance, você pode autorizar que o banco B acesse seus dados financeiros que estão na instituição A. Ou seja, eles podem se comunicar e, ao verificar suas informações, o banco B vai ter condições para oferecer o financiamento de modo personalizado.

Com o open finance, portanto, você não precisa criar um histórico financeiro em cada instituição. Em vez disso, é possível conceder acesso aos seus dados conforme suas necessidades e preferências.

O sistema envolve dados bancários, como extrato, gastos no cartão de crédito e outras movimentações, além de investimentos, seguros e previdência, entre outros, em corretoras de valores, bancos de investimentos e seguradoras. E o processo é todo feito de maneira virtual, sem a necessidade de pegar filas e ir pessoalmente à agência.

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Quais são as vantagens e desvantagens do open finance?
Um dos principais benefícios é que agora há o entendimento de que você é o dono dos seus dados financeiros. Isso significa que você escolhe quais dados compartilhar e quais instituições poderão acessar essas informações. Além disso, você pode suspender esse acesso quando quiser, sem precisar enfrentar nenhuma burocracia.

O open finance também pode ser útil para acessar produtos e soluções financeiras melhores. Como os dados são seus e podem ser disponibilizados para quem você desejar, diversas instituições podem acessar as informações, conforme sua autorização. Então você pode receber ofertas personalizadas, dicas e até soluções diferenciadas.

E essa novidade também estimula a competição entre as instituições financeiras. Afinal, você poderá levar seus dados para onde quiser, sem precisar ficar preso ao seu banco atual. Isso incentiva os bancos e empresas do sistema financeiro a apresentarem melhores condições e produtos.

Com a evolução do sistema financeiro aberto, você poderá centralizar todas as informações de diferentes bancos. Ou seja, dados como saldo da conta, fatura do cartão de crédito, extrato e transações podem ficar disponíveis em uma mesma plataforma que pode centralizar todas as informações. Então, em vez de ter que acessar diversos aplicativos para o controle financeiro, pode ser que você passe a usar apenas um.

“Se você é um bom cliente, ótimo pagador, paga cartão de crédito com dois dias de antecedência, tem muitas aplicações financeiras essas informações serão compartilhadas da instituição A para a B, que vai te oferecer mais recursos, descontos para trabalhar mais com ela”, explica o professor Mauro Calil, fundador da Academia do Dinheiro. Mas ele alerta que se for o caso de um péssimo pagador, uma pessoa endividada, com histórico ruim, isso também vai ser compartilhado para a instituição B e aí a piora da situação na instituição B é quase certeira.

É seguro compartilhar os dados no open finance?
As instituições financeiras precisam seguir as regras do Banco Central da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) para garantir a sua segurança. Além disso, o open finance não significa que os seus dados se tornarão públicos.

O compartilhamento só acontecerá com a autorização do consumidor. Então você tem a garantia de que será possível manter sua privacidade com relação aos dados financeiros.

Como aderir ao open finance?
Para aderir, não é preciso passar por nenhuma burocracia e nem pagar nenhuma taxa de adesão. Na verdade, basta acessar o aplicativo do seu banco e selecionar a opção de open finance. Ao fazer isso, você permite que a instituição compartilhe seus dados na plataforma aberta e restrita às empresas do setor.

Depois, quando você solicitar o uso do open finance em outra instituição, será preciso dar autorização para que ela acesse essas informações compartilhadas. Se mudar de ideia, é possível revogar o acesso ou o compartilhamento dos dados fazendo o processo inverso.

No Brasil, o ecossistema do Open Finance é fiscalizado pelo Banco Central (BC) e soma resultados expressivos nos dois primeiros anos de operação: são 17 milhões de consentimentos ativos e 11 milhões de consumidores participantes. A implementação ágil e o escopo amplo fez o projeto se tornar referência mundial.

Em entrevista ao programa Roda Viva (13/02), o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse que o ecossistema Open Finance, Pix e Real Digital prepara o país para uma nova era de economia digital com contratos inteligentes.

Campos afirmou que a iniciativa é uma verdadeira revolução que, por sua vez, contribui para a mudança do sistema financeiro nacional o qual, apesar dos desafios ainda presentes, vem se tornando cada vez mais inclusivo e diversificado. “Eu acho que essas três coisas podem mudar a história da intermediação financeira no Brasil”, pontua.

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