A Polícia Civil do Distrito Federal abriu um inquérito para investigar o pastor que disse que homossexuais, transgêneros, bissexuais e drag queens têm “uma reserva no inferno”. O inquérito vai apurar se a fala foi de discurso de ódio criminoso ou se enquadra na liberdade religiosa do pregador.
A investigação será conduzida pelo Delegacia Especial de Repressão aos Crimes de Raça, Religião ou Orientação Sexual ou contra Pessoa Idosa ou com Deficiência (Decrin).
“O Decrin recebeu representação da Aliança Nacional LGBTI+ e da Associação Brasileira de Famílias Gays (ABRAFH), informando que aconteceria no Congresso Evangélico União das Mocidades das Assembleias de Deus”, explica a delegada-chefe do Decrin, Ângela Maria, que liderará o investigação.
A Comissão de Direitos Humanos da Câmara Legislativa também pede uma investigação. O deputado distrital Fábio Felix (PSol), presidente da comissão, também representou o Ministério Público do Distrito Federal (MPDFT).
O discurso que gerou polêmica ocorreu durante um evento da Assembleia de Deus, no pavilhão do Parque da Cidade, durante o Carnaval. Em suas pregações, David Eldridge, pastor dos Estados Unidos, começou a julgar quem iria ou não para o inferno, entre leituras evangélicas e palavras de fé. Além do público LGBTQIA+, ele disse que seriam condenadas prostitutas, pessoas que assistem “coisas sexuais” na TV, mulheres que usam saias curtas e até homens que gostam de calças justas. Eu espero:
“Você, jovem, que usa calças justas, que é o espírito homossexual: isso vai para o inferno! Você, menina, cuja saia fica curta e justa quando sai de casa, sabe o que está fazendo? Você tem uma reserva no inferno!” ele disse, em inglês, enquanto um tradutor o acompanhava.
Em outras partes do discurso ele ainda afirma que, ao desembarcar no Brasil, ouviria um chamado para salvar os brasileiros do inferno. Em discussão sobre a criminalização da homofobia e da transfobia, o Supremo Tribunal Federal (STF), em 2019, decidiu que “a repressão criminal à prática da homotransfobia não atinge nem limita o exercício da liberdade religiosa”.
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Os ministros sublinharam que o discurso de ódio é incitado quando incita “a discriminação, a hostilidade ou a violência contra as pessoas devido à sua orientação sexual ou identidade de género”.
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A postagem da PCDF abre um inquérito para investigar o pastor que citou a “reserva no inferno” para LGBT aparecer pela primeira vez em Metrópole.