Ao desfilar com seu tradicional toco, o Olodum faz ressoar pelas ruas o som inconfundível de suas percussões junto com as vozes de milhares de foliões, que acompanhavam cada canto não só com o gogó, mas também com seus corpos. Já o Cortejo Afro não faz nada menos: o quarteirão se diferencia por seus elementos estéticos, como a roupa e a carroça. O fato é que, com suas particularidades, cada uma entrega aos foliões um Carnaval único, que só pode ser visto por aqui.
Não à toa, em seu reencontro com a folia de Salvador, o espanhol Iván Fernández, 42 anos, resolveu se juntar aos amigos que moram na capital e costumam frequentar o Cortejo. “É mais tradicional. Não é [como] Ivete ou Claudia Leitte”, justificou Iván.
“Torcedor morto” do Olodum, o comerciante Valnei Rodrigues, 42 anos, veio de Feira de Santana para acompanhar a quadrilha, como faz há 25 carnavais. E foi surpreendida com “pipoca” na terça-feira (21) – o trio desfilou à tarde. “As primeiras horas são muito boas. O Olodum costuma sair mais tarde, mas dessa vez foi legal”, aprovou. Esses últimos slots costumam ser dedicados aos trios de blocos Afro e Afoxé.
Com o tema Logunedé, o Cortejo celebrou este Carnaval os seus 25 anos. Todos esses anos de existência, porém, continuam sendo também de resistência. “Ainda hoje continua a enfrentar os desafios que o Carnaval impõe”, confessou o seu idealizador, o artista plástico Alberto Pitta.
Outro bloco resistente, A Mulherada marchou de madrugada na Barra e sem cordas. Enquanto o trio era seguido por uma quantidade de pessoas que contava nos dedos de uma mão, a afro segue na luta em defesa dos direitos das mulheres negras.
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