“Virei um rato do centro. Fui para a Barra na quinta e na sexta, mas voltei no meio da noite para a avenida. De sábado em diante, fiquei aqui”, diz Thiago Assunção, 35, um dos milhares de foliões que ficaram na zona histórica de Salvador durante os seis dias de Carnaval.
Seja a Praça Castro Alves, o Espaço Cultural da Barroquinha ou a Praça Municipal, quando se fala em Centro durante a folia, duas coisas não faltam: público e atração. Dois componentes imprescindíveis para despertar de vez a festa em um lugar onde ela está adormecida há algum tempo.
“Adoro o Centro de Carnaval, mas antes parecia abandonado. Isso me desanimou um pouco. Quando vi a variedade de atrações que tinha aqui, fiz uma casa. É assim que deve ser sempre. Se tem artista, tem é gente e aqui a festa não morre”, diz Marcela Pereira, 45, que se hospedava no centro da folia todos os dias.
O discurso da mulher soropolitana faz todo o sentido se considerarmos a quantidade de atrações que já passaram por lá. Segundo a Prefeitura de Salvador, o circuito Osmar, que abrange o trecho, recebeu 346 corridas contra as 181 do circuito Dodô, em Barra/Ondina. Ou seja, quase o dobro.
Bruno Reis celebrou o despertar do percurso mais tradicional da cidade e a garantia da sua permanência. “Acabamos especulando sobre qual seria o futuro deste circuito e as respostas foram dadas todos os dias, principalmente entre domingo e terça-feira”, reiterou.
Ao todo, foram 512 atrações nos palcos temáticos. Porém, não há um número que defina quantos estavam no Centro, que concentrava a maioria. “Estamos fortalecendo ainda mais o Núcleo. Vamos trazer mais novidades, mais conteúdo. Quem viu as imagens aqui neste período lembrou do passado”, disse Reis em entrevista coletiva.
Quem apoiou esse fortalecimento foi o governador Jerônimo Rodrigues. Apesar de reconhecer a liderança municipal como responsável pelo partido, disse que trabalhará em conjunto para fazer a sua parte. “Já pedi para minha equipe avaliar como fortalecer o circuito de Campo Grande. No ano que vem queremos fazer de forma combinada e garantir uma programação mais ampla”, diz Jerônimo.
Tudo para ampliar uma programação que já era repleta de artistas e apresentações. Os palcos da Praça Castro Alves, da Praça Municipal ou do Espaço Cultural da Barroquinha garantiram muita música a quem por lá passou e se hospedou. No projeto “Donas do Som” estavam Larissa Luz, Márcia Castro, Karol Conká, Sued Nunes e Melly.
Os Gilsons no palco montado em frente ao Cine Glauber Rocha (Foto: Paula Fróes/CORREIO) |
No Palco Brisa, na Barroquinha, estiveram Pedro Pondé, Ju Moraes, Afrocidade, Vandal, Nêssa e muitos outros artistas. No After da Batekoo, que aconteceu todos os dias a partir do dia 17, estiveram Afrobapho, Freshprincedabahia, Tícia, Deise Tigrona e Mu540. No Largo dos Paços do Concelho decorreram Majur, Diamba e Sistema Pagotrap.
Uma programação que conquistou e manteve os foliões para o que havia nos trios elétricos que desceram pela Avenida Sete. O público que se formou agradou aos performers, como Daniela Mercury, que passou por Castro Alves duas vezes com seu trio.
O artista diz que não é preciso abandonar a Barra, mas o centro deve ser reocupado. “No meu show de terça o circuito de Campo Grande lotou. Tinha um mar de gente me acompanhando, uma coisa linda. Meu trio esse ano me permitiu estar perto do público, tocar as pessoas, sentir aquele calor”, lembra .
“E na terça fiz boa parte do circuito lado a lado com as pessoas. Foi muito especial. O Carnaval do Centro é o máximo”, conta a cantora.