Em um estudo publicado no início deste mês, pesquisadores do Center for Nanoscience Technology da University of Central Florida (UCF), nos Estados Unidos, criaram uma tinta inédita que não utiliza nenhum tipo de pigmento. Apelidado de tinta plasmônica, o corante usa arranjos estruturais em nanoescala de materiais incolores – alumínio e óxido de alumínio – para gerar íons.
De acordo com o líder da pesquisa e professor da UCF, Debashis Chanda, O a inspiração para a nova tinta veio das asas das borboletas. É a primeira alternativa multicolorida e ecológica em grande escala às tintas à base de pigmentos atuais. O objetivo, diz o pesquisador, é contribuir com os esforços globais de economia de energia, com redução do aquecimento global.
Atualmente, a pintura externa das edificações tem passado por aprimoramentos tecnológicos com o objetivo de reter o calor nas regiões mais frias, e mantê-lo do lado de fora nas áreas mais quentes. Para atender a essas especificações, a tinta plasmônica é extremamente leve, devido à alta relação área/espessura da tinta. Isso permite a coloração completa com uma espessura de tinta de apenas 150 nanômetros (0,00015 milímetros).
Como funciona a tinta plasmônica?
Absorção estrutural para geração de cores.Fonte: Cencillo-Abad et al.
De acordo com o estudo, a engenharia de cores funciona controlando a resposta de absorção ou reflexão do corante à luz branca. Desta forma, todas as tintas convencionais são compostas por pigmentos baseados em mecanismos de absorção de luz das moléculas para determinar suas cores, ou seja, a luz não absorvida é refletida e vista pelo observador, que a associa à cor do objeto.
No caso da tinta plasmônica desenvolvida pela equipe de pesquisa, em vez de controlar a absorção da luz, esses corantes estruturais controlam como ela é refletida e espalhada, de modo que os constituintes do material tenham tonalidades completamente diferentes ou até incolores. Ou seja, a cor estrutural independe da composição química do material, mas pode ser observada em estruturas complexas, como asas de borboleta.
Por isso, Chanda diz que sua inspiração tem sido a própria natureza, na qual, além de borboletas, flores, pássaros e criaturas subaquáticas, elas também revelam tons atraentes criados exclusivamente pelo arranjo geométrico de materiais incolores.
O estudo foi publicado na revista O progresso da ciência,